O que fazer em pausas? ... podemos ver esta questão e respondê-la no que toca à prática. E respondê-la relativamente a uma pausa na nossa prática de yoga. O que fazer quando faço e preciso de uma pausa na minha prática? ... usualmente estas pausas acontecem sem serem planeadas ou antecipadas na nossa prática. Tentamos conscientemente evitá-las. Tentamos gerir a nosso fôlego e energia enquanto praticamos de modo a manter a continuidade dinâmica de nossa prática e evitar uma pausa, pelo menos assim o deveríamos fazer tranquilamente. Mas por vezes as pausas são necessárias, inesperadas e acontecem quando têm que ser. E assim sem constrangimento e sem julgamento devem acontecer. As pausas na prática podem acontecer espontaneamente, sem qualquer necessidade de sair do tapete, numa postura neutra e sem esforço, é destas que estamos a falar. Acontecem ou porque estamos sem fôlego e por vezes estamos com a nossa energia bem dispersa. O que fazer nessas devidas pausas? ... sem ficar demasiado tempo parado no tapete para não arrefecer, procuramos a forma de trazermos de volta a energia dispersa ao presente.
O meu conselho é recuperar a respiração à normalidade, activamente fazendo umas respirações bem profundas seguidas de outras bem relaxadas como elas sairem. Tentamos baixar a tensão deste modo se tiver muito acelerada. E se tiver muito baixa, fazemos o inverso primeiro umas respirações tranquilas simplesmente observado-as, seguidas de umas respirações ligeiramente mais ativas. Outro dos meus conselhos, especialmente dirigido a praticantes regulares. Aproveitem a pausa para além de recuperar o fôlego para reconectar com os vossa prática de Bandhas. Procurem-se reconectar com o vosso “chão pélvico” e ativar ligeiramente a sua musculatura. Ativando assim o Mula Bandha. Seja no início, meio ou fim da vossa prática. Esta pequena pausa irá ter o seu efeito restaurador com mais eficácia aliada à reconexão com o teu bandha, o teu core energético. Além do foque mental interno necessário para reconectares com o teu Mula Bandha, o seu efeito físico também vem auxiliar-te a trazeres a tua energia de volta ao centro. Assim, na tua pequena pausa na prática, a respiração ativa com o objectivo de a regular põe a energia a circular de dentro para fora, e de fora para dentro, e a tua reconexão com o teu Mula Bandha ajuda-te a reteres energia pura e limpa, sem a deixares ir, para puderes beneficiar de continuares e terminares a tua prática. Os Bandhas permitem-te reunir as tuas forças que sobram, juntar as energias latentes e uma respiração normalizada enche-nos com vida. Resumindo, para finalizar: O que fazer nas pausas? Recupera o fôlego; faz os teus Bandhas. O que fazer em pausas? ... fazendo como gosto de fazer, procuro responder a esta questão sem ser relativamente à minha prática de yoga, e ver se a mesma resposta dirigida ao contexto da pergunta na minha vida em geral permite-me ver florescer o yoga nela. Respira, aclama-te e recupera o fôlego. De momento, curiosamente o mundo pediu para a humanidade parar (2020). Também espontaneamente, sem aviso prévio. Ninguém previa e todos tentavam evitar e a pausa teve de acontecer para o bem estar e saúde mundial. Para que no futuro possamos continuar as nossas vidas, e que estas não sejam assombradas com males piores. Parece que a humanidade estava a toda a velocidade a praticar a uma velocidade excessiva e a pequena pausa é o único meio para recuperar o ritmo e mantermos a sanidade. Respiremos e façamos isto com espaça e tempo. Ponhamos o dia a dia em conta relógio de lado e tiremos umas respirações, à escala de dias, a seu tempo e à sua medida. Livres e profundas. Em contexto da nossa vida em geral, isto também quer dizer, tira o tempo para fazer e te dedicares àquilo que não te estavas a dar tempo para fazer. Todos aquelas coisas que te permitias a fazer, apenas em tempos livres entre outras coisas na tua agenda, ganham um espaço grandioso para se mostrarem. Aparecerem e desaparecerem sem compromissos. Uma oportunidade para recuperarmos tempo suprimido antes. E mesmo que não seja produtivo devemos fazê-lo e testá-lo. Respiremos. E façamos o Mula Bandha. Para compreender o que quer dizer Mula Bandha, no contexto da vida em geral, observemos o seu significado na origem. Mula (raíz) Bandha (agarrar; relacionar; assegurar). Façamos o Mula Bandha, então... vamos às nossas raizes, procurar os nossos valores mais essenciais e primordiais, e vamos nutri-los e mostrar que estamos cá para eles. Sem o contra relógio temos tempo e energia para canalizar para erguer ou reerguer os nossos valores, sejam morais ou éticos, que estavam adormecidos ou recalcados pelos nossos dias a correr do tempo pré-contenção obrigatória. Redirigimos a nossa atenção para estas pequenas coisas que sempre demos valor mas que a falta de tempo estava a fazer parecer que não dávamos. Temos esta possibilidade de reconstruirmos de raiz, e de assegurarmos bem alto talvez novamente os valores que poderíamos ter deixado observar. Por vezes, é um facto bem geral, estes valores gerais de falo estarem não observados, traduzem-se no simples amor-próprio. No ouvir-nos. Ouvirmos as histórias que nos contamos e as que nos esquecemos de ouvir. Relembrar-nos dos nossos potenciais e das nossas virtudes. E de nos tratarmos como merecemos. Dar-nos saúde e vida, sem tomá-la por garantido. É sentir gratidão. Por vezes é olhar pelos os nossos mais próximos por mais tempo, é termos tempo para uma atividade de lazer ou uma aprendizagem antes colocada em pausa. E sim, nas pausas podemos reconectar novamente. Seja à escala da nossa íntima prática de ioga ou à escala da nossa vida em geral. As pausas ajudam-nos se não as desperdiçarmos e as tomarmos por garantido. Reconectar com as nossas necessidades essenciais, os nossos ciclos (respiratórios) e assegurar os nossos valores mais fundamentais. A própria natureza do planeta terra está naturalmente a fazê-lo. O tempo parado e a pausa da humanidade fez bem ao planeta. Vamos aproveitar, não deixar que seja em vão após tudo isto, e usar uma pausa para nosso bem. Sérgio Ramos 26.05.2020
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