Há muito que me impeço de continuar a escrever esta linha de pensamento. Talvez por ser tão real e triste ou talvez por eu não gostar de me focar muito no discurso negativo. Olho mais para esta questão de um ponto de vista global da população, e do pouco que me faz sentir como indivíduo, sob a pressão da corrente das massas. De certo modo: sinto-me abençoado, por ter o olhar e de ver as coisas como elas são.
Herança da nossa geração. Escrevo sobre a minha, mas vejo nos mais novos que eu, e ainda me refiro à geração da minha filha bebé. Isto é um desabafo, dos mais bem globais e construtivos. Desde nascidos, sujeitos a um pico de evolução originado 5 décadas antes, na sua ascensão monopolizadora, em que cada vez mais, ainda com tanto conhecimento, provas e tecnologias, tudo omitido, as decisões estão feitas sem promover de facto o empoderamento e a auto-responsabilização, tendo criado mais dependência, fraqueza e infelicidade na sociedade. O artificial, o manipulado, o sintético, o controlado, a eficiência tomou o lugar do orgânico, do natural, da felicidade e da saúde. O acesso a produtos alimentares orgânicos é considerado um luxo. Desde quando procurar os nossos alimentos o mais próximos da terra, da sua orgânica e do seu meio, é mais caro? Para produtores e para clientes. Porquê retirar ou dificultar este direito? Porquê catalogar como luxo? quando é o que é suposto acontecer, ainda tendo o benefício de ter em conta não só a saúde do consumidor, mas também dos produtores e da Terra? Falo dos produtos alimentares mas também vale o mesmo discurso para produtos de roupa, e outros bens-essenciais. O nosso direito a viver nesta Terra deve ser respeitado a todo o instante momento do nosso dia-dia. Com integridade, mesmo sabendo da dificuldade em algumas circunstâncias devemos procurar manter esta fasquia bem alta. Não como eu vi à pouco tempo um funcionário de um jardim público que atira a beata de cigarro para o outro lado do muro limite do jardim (!?). Onde de facto está um terreno (verde) abandonado: um conceito também estranho. Por estar ao abandono devemos polui-lo!? Se um simples funcionário, promovendo o bom desenvolvimento do jardim público vira as costas para o terreno vizinho, conseguimos imaginar a larga escala deste fenómeno. O planeta não conhece fronteiras, e dimensão Humana da vida também não devia viver com esse preceito. Aonde há hoje, num modo geral, quando alguém doente se depara nos locais de atendimento ao doente, sugestões de remédios naturais, de soluções eficazes orgânicas e naturais? Seja exercício ou chá, sumo ou refeição. A fungar do nariz, é logo comprimido. Sem dúvida é a natureza comprimida, mesmo a largar uma ideia de que não há suficiente para todos. Abundância da natureza foi comprimida. Parece que já não se pode dar tempo nem espaço, ao corpo e ao remédio. É tudo esperado com muita antecipação. A cura no comprimido existe de laboratórios e muitos processamentos de químicos naturais, formando o químico de síntese. O corpo não recebe o elemento curador da natureza no seu estado mais forte, mas num estado enfraquecido cheio de dedadas, pegadas do ser humano. O corpo cura lá no sítio específico enquanto todo o campo de circulação desse comprimido fica a usar muita ‘matemática’ para descomprimir a substância criada pela mente humana. Corpo lá terá de ceder à mente individual humana, o planeta lá cede à mente individual humana. Para que fim? porque herdamos esta batalha entre a mente individual humana e o seu corpo, a vasta orgânica do planeta Terra? O planeta Terra é um imenso tanque de energia, no meio do espaço infinito alberga a vida biológica e carrega toda a sua sabedoria. A dependência retira o empoderamento, de a cura se realizar a qualquer um. Desde a nascença. O processo do parto, é incrivelmente um momento de poder natural da mulher, do bebé, do casal e da vida. E o atendimento médico convencional retira desde cedo a chance de qualquer um destes participar ativamente e responsavelmente neste processo. É como se já existisse, no subconsciente de todos alguma crença de que não podemos, ou não conseguimos fluir com a força da natureza. E claro que lutando contra ela não é fluir, se foi achando que apenas a conduzir o fluxo se flui, estamos errados. Tudo começa com a informação correcta, sensível e verdadeira sobre os acontecimentos no processo (do parto ou da cura). E num mundo de especialização, é ridículo acreditar que nós todos não conseguimos entender estes processos naturais. A informação é chave. E assim se vai construindo cada passo. Quebrando barreiras de percepção. Sem meias verdades, a omitir algo por tabu: cru e nu como as coisas são - é o caminho para irmos além. É talvez o maior trabalho da nossa geração, o mais importante, e o menos exposto e valorizado de todos os trabalhos: devolver o nosso trajecto de acordo com a nossa verdadeira essência. Que o fluxo da natureza e o nosso seja um. Talvez por parecer impossível, seja por isso um trabalho árduo. Está uma tarefa de uma geração que requer uma grande quantidade concentrada de auto-esforço (tapas), do cultivar de um fogo interno que origina transformação. Significa desviar o fluxo mental convencional, e canalizá-lo para o auto-estudo (swadhyaya), para uma questionamento saudável dos nossos valores e os da sociedade e para transformar os nossos hábitos e estilo de vida para que sejam mais saudáveis e simbióticos com connosco mesmo e com quem nos rodeia. Significa canalizar o nosso auto-esforço para questionarmos intimamente a nossa verdade - quem Eu sou e o que estou a sentir? - e criarmos estabilidade em práticas (abhyasa) fisicas e mentais que cuidem desse fogo interno - para mantê-lo vivo, e não o deixar selvagem. Para esta transformação ir além do nosso tempo para além das nossas vidas, e efectivamente criar novos padrões de vida, as práticas e o auto-esforço tem de ser conduzido por um longo período de tempo (dirgha kala), ininterruptamente (nairantarya) e, mais importantemente, com reverência (satkara), amor e devoção - pelo futuro que temos em vista e durante o processo também. Este último aspecto, é o mais íntimo e pessoal, e talvez por isso o mais importante, pois a devoção e o amor sem dúvida vai além de gerações, sente-se nos espaços e move todos os corações nas suas práticas que quase camufla qualquer atrito de esforço. Vivemos agora em um mundo gerido e organizado pela tecnologia e conectado por um meio de tecnologia avançada. Talvez mais próximos estamos todos por todos os pontos do mundo, mas por meio de uma ferramenta. Que por mais controlo pareça que tenhamos sobre ela, não temos. E acaba-se a vida ajustada à ferramenta, e não a ferramenta ajustada à vida. A nossa percepção fica distorcida, e igualmente a nossa comunicação distorcida. Quando no nosso potencial humano tanto potencial de comunicação e eficiência mental temos. Parece que o que acontece é que o potencial de percepção/comunicação do geral da sociedade fica entregue nas mãos de aqueles que inteligentemente desenvolveram as ferramentas avançadas da tecnologia da comunicação. Já existe uma dependência da tecnologia muito embutida na sociedade. Não só para o trabalho, mas para o entretenimento, para as relações humanas e para a educação. Nas relações humana, o intermediário acaba por ser um feixe de tecnologia, a linguagem é a tecnologia. O olhar, o toque, a expressão de cada um é submetida pelo aparelho tecnológico antes de chegar ao outro. As emoções são mais cedo expressadas e entendidas por caracteres tão abreviados, como os emojis. A energia de um ser humano reduzida a um conteúdo digital tão limitado. O valor de alguém contabilizado por números numa conta. Nunca isto se tornou tão evidente, assustador e perigoso. A dependência inter-relacional das pessoas está comprometida com a tecnologia da comunicação, que se não dermos um passo atrás, a energia de uma pessoa fica tão emaranhada com a ferramenta da tecnologia que origina cada vez mais anomalias sociais, distanciamento e apatia a larga escala. Na educação, desde cedo crianças estamos sujeitas a grandes tempo de ecrã. Pelos pais, familiares, educadores. Criando desde cedo efeitos nefastos, física, mental e socialmente. A dependência desta ferramenta tecnológica afasta as crianças, recém nascidos até - e pais também - da compreensão e interação com natureza humana, tanto a sua como a dos outros, assim como com Natureza da vida. Talvez por motivos de comodidade e segurança - conforto e medo (raga e abinivesha) duas grandes aflições da humanidade - afastamos as crianças do seu potencial papel na vida na Terra. Essa dependência deixa-as mais inseguras, desenraizadas, iludidas, desprotegidas, para a vida real. Colocando sementes de incapacidade nos mais novos, de que o futuro sem tecnologia não é possível. Para não falar do impacto da dependência na tecnologia para o trabalho e entretenimento - que acredito que muita ilusão cria em todos nós. Cada vez mais o uso equilibrado está difícil de encontrar. A essência de cada um de nós mais difícil de aceder. A nossa essência está assim mais camuflada, e quando pensamos que estamos conectados com a essência dos outros, arriscamos a descobrir que temos estabelecidas apenas interligações entre máscaras, finitas, temporárias e perecíveis - as nossas e as dos outros. Talvez os leitores sejam já pessoas que já passaram por um processo de amadurecimento, e que estes são impasses que pouco lhe afectam, mas sintam a geração mais jovem, ouçam e sintam-nas. O modo que nos sentíamos incompreendidos e desorientados pela sociedade há dez anos atrás hoje temiam força muito maior e mais subtil, farsas suportadas por inúmeros meios de comunicação social, dobrando e moldando a mente esponja dos jovens. Temos de os olhar por, com a nossa presença e escolhas, se não formas nós que precisamos desse auto -cuidado. E ainda assim podemos ponderar que talvez haja um plano que conta com esta nossa dependência, com a entrega da nossa soberania a uma tecnologia controlada e verificada pelos agentes. Mas será esse plano têm interesse no nosso melhor? A sabedoria - e refiro à sabedoria no nosso íntimo, individual, de cada um, não racional, mas expansiva e inclusiva - é mesmo o elemento importante para a liberação. A verdade é incrívelmente um portal de expansão para todo o cosmos: o fogo na escuridão. O potencial cerebral humano tem capacidades muito além do que uma tecnologia - produto da mente humana - oferece. Por isso, não podemos parar e temos de manter a chama acesa para termos luz neste auto-estudo, e no trabalho contínuo de pesquisa interna, para aceder ao Eu que é eterno e equânimo. Sérgio Ramos 12/20/2023
0 Comments
Leave a Reply. |
Categories
All
|